O Que é Maná na Bíblia?
Maná é a substância provida milagrosamente por Deus que serviu como principal alimento dos israelitas durante a peregrinação no deserto. Existem muitas dúvidas entre cristãos acerca dessa provisão divina, e neste texto entenderemos melhor o que é o maná mencionado na Bíblia.
O que significa maná?A palavra maná é um tipo transliteração aproximada de um termo hebraico que aparece pela primeira vez na Bíblia em Êxodo 16:31. No entanto, em Êxodo 16:15 lemos sobre o momento em que o povo de Israel descobriu o maná.
Quando os israelitas viram aquela substância na superfície do deserto, eles perguntaram “
o que é isto?”. Assim, a expressão “
o que é”, do hebraico man, parece ser a tradução literal desse termo, ou seja, provavelmente o significado de maná se refere à qualidade misteriosa do mantimento divino.
Como era o maná?O texto bíblico nos diz que o maná era pequeno e arredondado, com coloração esbranquiçada, e parecia semente de coentro e bdélio. Quando exposto ao sol, o maná derretia. Seu gosto era adocicado semelhante a “
bolos de mel” (Êx 16:31), mas também lembrava, de alguma forma, “
bolos amassados com azeite” (Nm 11:8).
É possível que a diferença na percepção do sabor ocorra devido ao modo de preparo do maná. Ele poderia ser preparado assado ou cozido. Geralmente o maná era amassado ou moído antes de ser preparado.
Como o maná foi enviado?A Bíblia diz que o maná foi enviado por Deus quando o povo de Israel começou a reclamar da falta de alimento. A Bíblia descreve o maná como sendo o “
cereal do céu” (Êx 16:4; Sl 78:23,24), provido pelo Senhor para sustentar o Seu povo.
Algumas pessoas equivocadamente imaginam que o maná era enviado do céu como um tipo de “
chuva”, ou seja, de uma forma que literalmente caísse do céu. Todavia, o que a Bíblia nos diz é que o maná aparecia a cada manhã na superfície do deserto após o orvalho evaporar, de modo que ele era semelhante a “escamas finas como a geada sobre a terra” (Êx 16:14).
As regras sobre o manáO maná aparecia todos os dias pela manhã, com exceção do sábado. Os israelitas eram autorizados a colherem um ômer dessa substância por pessoa. Essa medida equivalia a aproximadamente 2 litros.
Não adiantava tentar pegar mais do que a quantidade autorizada, pois o maná estragava quando guardado para o outro dia. Apenas às sextas feiras os israelitas eram autorizados a pegar o dobro da porção de maná, para que houvesse mantimento na sábado, o único dia em que nenhum maná aparecia. A porção de maná que era guardado para o sábado deveria ser armazenada já preparada, ou seja, assada ou cozida (Êx 16:4,5,16-30).
A provisão do maná continuou durante toda a peregrinação dos israelitas pelo deserto, e só cessou quando eles entraram na terra de Canaã, já que ali teriam outros meios de sustento (Js 5:12).
Uma medida do maná foi guardada por Arão e mantida como um memorial, um testemunho da provisão miraculosa enviada pelo Senhor para as gerações futuras (Êx 16:33,34). Na Epístola aos Hebreus, lemos que um pote de ouro com maná foi colocado dentro da Arca da Aliança (Hb 9:4).
O que era o maná? Ele foi realmente um milagre?Sem dúvida o maná foi um milagre, apesar de algumas explicações cientificas sugerirem hipóteses interessantes sobre sua natureza.
A hipótese mais provável é que o maná seria uma excreção fabricada por insetos semelhante ao mel. Tais insetos eram muito comuns nas tamareiras daquela região, e ainda nos dias de hoje podem ser encontrados em algumas regiões do Sinai.
Então, as gotículas dessa substância produzida pelos insetos caem das árvores no chão, e por conta das baixas temperaturas características na madrugada do deserto, a substância se solidifica.
No entanto, só é possível encontrar essa substância bem cedo pela manhã, pois quando o sol esquenta a substância derrete ou as formigas a carregam. Os árabes chamam essa substância de manna.
Não há qualquer problema se realmente essa hipótese estiver correta, ou seja, a provisão do maná não deixa de ser um milagre porque existe uma explicação razoável para o evento.
Na verdade, se for este o caso, o milagre não está exatamente na natureza do maná, mas no controle da quantidade realizado por Deus, ou seja, prover uma quantidade suficiente para alimentar milhões de pessoas durante 40 anos e controlar sua dosagem e frequência, de modo que no sábado tal substância não poderia ser encontrada.
Assim, essa explicação sobre o maná pode apontar para a base física usada por Deus na provisão miraculosa, além de revelar que o Senhor controla como quer a natureza que Ele mesmo criou.
Isso seria algo semelhante ao que ocorreu com as codornizes também enviadas por Deus para os israelitas. As codornizes não eram “
aves sobrenaturais”, mas aves comuns, as quais foram enviadas pelo Senhor através do controle que ele exerce sobre Sua criação.
Com base no Salmo 78, algumas pessoas sugerem que o maná era o “pão dos anjos” (Sl 78:25). No entanto, essa interpretação é completamente equivocada. Quando o salmista diz que “o homem comeu o pão dos anjos” ou o “
trigo do céu”, ele está usando uma figura de linguagem para se referir à providência divina na história do povo de Israel. Isto fica claro quando o salmista se refere à provisão de codornizes dizendo que “
choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas com a areia do mar” (Sl 78:27).
Qual era a finalidade do maná?Além de sustentar fisicamente os israelitas, Deus enviou o maná para ensinar lições espirituais para aquele povo.Primeiro, foi permitido que o povo tivesse fome, mas depois o Senhor enviou o maná, para fazê-los entender que “
não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor, disso viverá o homem” (Dt 8:3). Assim, com a provisão do maná Deus humilhou, provou e fez bem àquele povo, ensinando-lhes que deveriam confiar em Sua Palavra (Dt 8:16).
A sequência de envio do maná, isto é, seis dias com a interrupção de um, o sábado, também ensinava ao povo a ser obediente aos mandamentos do Senhor (Êx 16:19-30).
Por fim, toda a perversidade daquele povo também pôde ser vista quando muitos deles começaram a detestar o maná enviado por Deus, dizendo que não tinham mais apetite e sentiam repugnância daquele “
pão vil” (Nm 21:5).
Jesus e o manáNo capítulo 6 do Evangelho de João, Jesus falou sobre o maná. Em João 6:31-35 Jesus se refere ao maná como uma tipificação de si mesmo, e estabeleceu um contraste ao mostrar que o maná que os judeus comeram no deserto apenas lhes serviu como sustento, pois no final eles morreram. Porém, Jesus é o “
verdadeiro pão do céu” dado por Deus, o “
pão da vida”, da qual quem d’Ele comer nunca morrerá (Jo 6:48-50).
No livro do Apocalipse encontramos mais uma referência ao maná na promessa feita a igreja em Pérgamo, onde foi prometido que ao vencedor será dado “o maná escondido” (Ap 2:17).
Possivelmente essa expressão faz alusão à porção do maná que ficava escondido dentro da Arca no Santo do Santos (Hb 9:4). Quando entendemos que os ritos, ofertas e sacrifícios mosaicos eram imperfeitos e apenas serviam como sombra do único, definitivo e eficaz sacrifício de Cristo, percebemos que o maná escondido é o próprio Cristo, que alimenta de forma inesgotável a sua Igreja.