Salmo 26 Estudo: Fardos de Calúnias não Devem ser Carregados
O estudo do Salmo 26 é relatado como mais uma oração de súplica ao Senhor feita pelo salmista Davi. Ele apela a Deus, o Juiz supremo, em um depoimento de sã consciência, dando-lhe testemunho de seu esforço para andar retamente como um homem temente ao Senhor.
Em contraste com o estudo do salmo 25, você pode ter uma interpretação equivocada de Davi e achá-lo arrogante em sua forma de se expressar.
No salmo anterior ele afirma repetidamente ser um grande pecador, já neste ele fala sobre sua integridade. No entanto, eram duas situações em contextos completamente diferentes.
Davi enfrentava uma situação de grande perseguição e não entendia o porquê de tanta dificuldade quando através de seu senso de justiça olhava para suas ações. Por isso, ele clamou ao Senhor apresentando provas de sua inocência.
Assim, o estudo do Salmo 26 contém ensinamentos necessários para lidar com fardos de calúnias imputados pelas pessoas com más intenções. Fique conosco e acompanhe uma análise completa dele. Vamos lá!
Salmo 26 Estudo: O contexto histórico
Pouco se sabe sobre o contexto histórico deste salmo, mas ao menos duas ocasiões explicam o porquê da comunicação intensa de Davi em sua oração à Deus.
Perseguição de SaulA primeira hipótese para a escrita do Salmo 26, se dá pela grande perseguição de Saul ao seu servo Davi.
Devido ao sucesso militar de Davi desde a grande vitória contra o gigante Golias, Saul o invejava porque suspeitava que ele era o ungido do Senhor para ser o novo rei de Israel
Deus estava com Davi em tudo que ele fazia e cada vez mais essas suspeitas se confirmavam e não demorou muito para Saul tentar matá-lo, assim obrigando Davi fugir para salvar sua vida.
Essa situação se manteve por 9 anos e certamente incomodava muito Davi, pois ele não tinha culpa alguma e era visto como um criminoso pelo seu próprio povo.
A morte de IsboseteJá o segundo possível momento da escrita deste salmo, é no contexto da morte do filho de Saul, Isbosete. Após a morte do rei Saul na guerra contra os filisteus, Isbosete foi consagrado rei de Israel.
Do mesmo modo, Davi também foi consagrado rei, mas apenas da tribo de judá. Dessa forma, ambos lideram seus respectivos territórios ao longo de dois anos.
No entanto, dois dos servos de Isbosete, Baaná e Recabe o mataram covardemente e apresentaram a cabeça dele em Judá para Davi.
Embora os dois assassinos tenham tido o mesmo fim que deram a Isbosete, talvez o povo possa ter culpado Davi pelo assassinato e em suas lamentações ele possa ter escrito o salmo 26.
(Salmo 26:1-3) Não tenha máscaras diante do Senhor
- ¹ Julga-me, SENHOR, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado também no SENHOR; não vacilarei.
² Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração.
³ Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos; e tenho andado na tua verdade.
Qualquer um dos dois prováveis contextos da escrita do Salmo 26, tornam o clamor de Davi coerente. Davi não havia usado nenhum meio traidor ou injusto para ganhar a coroa ou mantê-la.
Ele tinha consciência de ter sido guiado pelos mais nobres princípios de honra em todas as suas ações em relação a Saul e sua família.
Por isso ele fala sobre todo o seu esforço para se manter sincero e andar na verdade do Senhor e pede para o Senhor prová-lo. Davi se submeteu a qualquer forma de exame que o Senhor pudesse considerar adequada.
Em outras palavras ele dizia: Examine-me, ó Senhor. Olhe-me por completo; faça um levantamento minucioso; coloque-me em dúvida, examine minhas evidências e me prove.
Isso porque ele era alguém que não tinha máscaras diante do Senhor e buscava entender se havia feito algo mal para alguém.
Se houvesse algo contra ele, certamente ele iria livrar-se do fardo pesado da perseguição arrependendo-se diante do Senhor.
(Salmo 26:4-5) Escolha quem estará ao seu lado
- ⁴ Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os homens dissimulados.
⁵ Tenho odiado a congregação de malfeitores; nem me ajunto com os ímpios.
Em seguida, Davi comenta sobre como se mantém longe do contágio do mau conselho dos ímpios.
Segundo o escritor americano Jim Rohn, somos a média das pessoas com quem mais convivemos,ouseja, o meio de convívio de cada pessoa acaba influenciando grandemente em seu comportamento.
Paulo no novo testamento afirma que as más companhias corrompem os bons costumes e o próprio mestre Jesus era seletivo em quem estava ao seu lado.
Ele falava com a multidão, convivia com apenas 12 discípulos e orava só com 3 deles. Davi praticava esse princípio corretamente e assim apresentou a Deus mais uma evidência da integridade do seu caráter.
(Salmo 26:6-8) A adoração requer santidade
- ⁶ Lavo as minhas mãos na inocência; e assim andarei, Senhor, ao redor do teu altar.
⁷ Para publicar com voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas.
⁸ Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória.
Aqui o salmista expressa como ainda se comportava de maneira santa e justa para se manter participante dos privilégios públicos do povo do Senhor na congregação.
No entanto, Davi não reivindica a inocência perfeita de sua vida, mas somente a ausência de culpa que ele tinha em relação às calúnias que sofreu.
Ele diz lavar suas mãos para protestar qualquer participação nas práticas em que era falsamente acusado e conta como amava louvar a Deus. Desde muito jovem, Davi tinha a adoração ao Senhor como prioridade de sua vida
Quando ele pecou e teve os olhos abertos, suas palavras no Salmo 51 confirmaram como ele se importava somente com a presença de Deus.
A adoração a Deus exige santidade e aquele que é injusto com alguém não pode ser aceitável a Ele sem arrependimento.
Davi tinha plena consciência do que agradava o Senhor e não conseguiria realizar essa oração do Salmo 26 em pecado.
(Salmo 26:9-10) O Senhor separará o joio do trigo
- ⁹ Não apanhes a minha alma com os pecadores, nem a minha vida com os homens sanguinolentos,
¹⁰ Em cujas mãos há malefício, e cuja mão direita está cheia de subornos.
Nos versículos anteriores, vemos o salmista afirmar que se manteve afastado de pessoas profanas.
Isso deve ser entendido como uma razão pela qual ele não desejava ser empurrado para a companhia delas em algum momento.
Ele ansiava o dia em que poderia viver em um lugar sem constantes injustiças contra ele.
Porque pessoas distantes do Senhor são facilmente manipuladas para realizar coisas más, principalmente contra pessoas próximas ao Altíssimo.
O rei Saul retrata perfeitamente essa ideia, visto que ele não se arrependeu de seus erros quando desobedeceu ao Senhor.
Dessa forma, o Espírito de Deus que o elevou à posição de Rei já não habitava mais nele e aos poucos suas atitudes se tornaram cada vez piores.
Ele perseguiu Davi sem motivo algum e só parou quando Davi sabiamente adentrou o território dos filisteus e habitou ali temporariamente.
O salmista clama ao Senhor para não confundi-lo com pessoas perversas, porque confiava na distinção feita pelo o Senhor entre os justos e os injustos.
(Salmo 26:11-12) Nas congregações louvarei ao Senhor
- ¹¹ Mas eu ando na minha sinceridade; livra-me e tem piedade de mim.
¹² O meu pé está posto em caminho plano; nas congregações louvarei ao Senhor.
Finalizando sua oração, o salmista reforça a confiança em sua integridade e no livramento do Senhor.
Todos os argumentos de Davi eram válidos e independente da resposta do Senhor, Davi iria adorá-lo, porque sua vida estava completamente entregue a Ele.
A bíblia não relata nenhum pedido dele para alcançar alguma posição de poder e muito menos receber o cargo máximo de todo um povo.
Mas conta sobre um pastor de ovelhas que tinha o coração de um rei e que apesar dos obstáculos no caminho não deixou de confiar sua vida ao Senhor.
No estudo do salmo 27, Davi fala sobre a única coisa pedida por ele ao Senhor e como ele a buscava.
O desejo dele era estar todos os dias no templo para contemplar a formosura do Deus vivo.
Conclusão
O estudo do salmo 26 nos ensina a não aceitarmos afrontas mentirosas contra nós e clamarmos pela ajuda do Senhor.
Pessoas com más intenções estão por toda parte e se tiverem oportunidade de caluniar alguém irão fazê-lo.
Dessa forma, podemos apresentar nossas razões para sermos justificados ou descobrir algum caminho mal ainda desconhecido para nossa consciência.
Ainda que estejamos certos, é importante entender que a nossa integridade não é absoluta e nem inerente.
Mas é uma obra da graça divina em nós, porque conforme adoramos ao Senhor somos moldados pelas mãos Dele.
Portanto, devemos recorrer ao sangue redentor e ao trono da misericórdia, confessando que, embora podemos ser santos entre os homens, ainda devemos nos curvar como pecadores diante de Deus.
Fardos de calúnia não devem ser carregados, mas colocados sobre o altar do Senhor.